Abundantes divitiae gratiae suae
Prefácio
Abundantes divitiae gratiae suae1
Se para condescender ao vosso pedido, ele2 vos quisesse contar algo do que ainda se lembre e julgais útil para a Família Paulina,3 deveria contar dúplice história: a história da misericórdia divina para cantar Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens.4
E mais, a história humilhante da incorrespondência ao excesso da caridade divina e compor um novo e doloroso Miserere5 pelos meus inumeráveis pecados, ofensas e negligências.6
Desta segunda história, considerada nas suas várias partes, ele medita e chora, todos os dias, as várias etapas nas conversas com Jesus, esperando pela intercessão de Maria e de são Paulo, o perdão total delas.
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Desta segunda história, considerada nas suas várias partes, ele medita e chora, todos os dias, as várias etapas nas conversas com Jesus, esperando pela intercessão de Maria e de são Paulo, o perdão total delas.
Esta segunda história produziu nele persuasão e faz dela profunda oração viva: todos devem considerar como pai, mestre, modelo, fundador somente são Paulo apóstolo. Ele o é de fato. Por meio dele nasceu; por ele foi alimentada e cresceu, dele tomou o espírito. Quanto à sua pobre carcaça: ele7 cumpriu alguma parte da vontade divina; mas deve desaparecer da cena e da memória, também porque, por ser o mais idoso, teve que tomar do Senhor e dar aos outros. Como o sacerdote que, acabada a missa, depõe a casula e permanece o que é diante de Deus.
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Recito8 muitas vezes: Pai, não sou digno de ser chamado filho… pequei contra o céu e contra ti… trata-me como um empregado…. Assim tenciono pertencer a esta admirável Família Paulina: como servo agora e no céu, onde me interessarei pelos que usam os meios modernos e mais eficazes de fazer o bem: na santidade, em Cristo e na Igreja.9
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Fez-nos reviver em Cristo Jesus… com ele nos ressuscitou; e nos transportou aos céus: para mostrar aos séculos futuros as abundantes riquezas da sua graça por sua bondade para conosco, em Jesus Cristo (Ef 2,5-7).10 Deus, por sua bondade, conferiu à Família Paulina abundantes riquezas de graça,11 em Jesus Cristo, a serem reveladas nos séculos futuros, por meio dos novos anjos da terra, os religiosos.
O Senhor derramou, com sabedoria igual ao amor, as muitas riquezas que há na Família Paulina: para mostrar… por meio da Igreja, a multiforme sabedoria de Deus.12 Tudo é de Deus:13 tudo nos leva ao Magnificat.14
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Considerando agora a pequena Família Paulina, ela poderia ser comparada a um curso de água que, enquanto flui, se avoluma pela chuva, pelo degelo, por várias pequenas fontes. As águas, assim reunidas, são depois divididas e canalizadas para a irrigação de férteis planícies e produção de energia, calor e luz elétrica.
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Ele, pelo contrário, secundou, como que sofreu as conseqüências, mais do que ter provocado a convergência e o acúmulo das águas no vale: como em seguida secundou a vontade de Deus na repartição das águas entre várias nações em benefício de muitos; e aguarda que os canais novamente se reúnam para entrar no mar de uma feliz eternidade, em Deus.
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1 Esta expressão tomada de Ef 2,7, foi escrita a mão por Alberione na cabeça do primeiro fólio do ds.
2 Pe. Alberione narra, aqui, na terceira pessoa do singular, o que lhe diz respeito.
3 Quando escrevia estes apontamentos, em dezembro de 1953, a Família Paulina compunha-se de quatro congregações religiosas: Pia Sociedade de São Paulo (fundação 20.8.1914), Pia Sociedade Filhas de São Paulo (fundação 15.6.1915), Pias Discípulas do Divino Mestre (fundação 10.2.1924), Irmãs de Jesus Bom Pastor (7.10.1938). A seguir surgiram as Irmãs de Maria Santíssima Rainha dos Apóstolos ou Apostolinas (8.9.1959) e quatro Institutos agregados (8.4.1960): “Jesus Sacerdote” (para sacerdotes diocesanos), “São Gabriel Arcanjo” (para jovens e homens), “Maria Santíssima Anunciadaª (para moças) e “Santa Família” (para cônjuges e famílias).
4 Cf.: Lc 2,14 e Missal Romano, Liturgia da Missa.
5 Cf. Sl 50.
6 Cf.: Missal Romano, Liturgia da Missa: “Suscipe…”. Na mudança feita pelo Pe. Alberione em relação ao texto do Missal uma acentuação de (“negligentiis” = pecados de omissão): é um dos temas sobre os quais ele refletia muitas vezes; cf. por ex., o seu Paulo Apóstolo, ed. crítica de G. Di Corrado, Edições Paulinas - Casa Generalícia SSP, Roma, 1981, nn. 13, 18, 27, 36 etc. e o verbete “negligências” nos vários volumes da “Opera Omnia”.
7 O sujeito, que antes era são Paulo, agora é o Pe. Tiago Alberione.
8 Este parágrafo escreveu-o a mão, o A., que aqui usa a primeira pessoa singular. O texto evangélico é tomado de Lc 15,18-19 (parábola do filho pródigo).
9 “Em Cristo e na Igreja”: cf. 1Cor 1,1; Ef 3,21.
10 A citação completa, do latim da “Vulgata”, é a seguinte: “Et cum essemus mortui peccatis, convivificavit nos in Christo, cujus gratia estis salvati, et conresuscitavit et consedere fecit in coelestibus in Christo Jesus…” (cf. 2,5-6).
11 O Pe. Alberione encontra nesta expressão de são Paulo a palavra-chave que encerra e descreve todo o mistério de amor que Deus manifestou na sua vida e na Família Paulina. Estas páginas, na sua maioria, serão justamente um elenco das riquezas efundidas por Deus em benefício do mundo inteiro.
12 Cf. Ef 3,10. A citação completa é: “Ut innotescat principatibus et potestatibus in coelestibus per Ecclesiam multiformis sapientia Dei”.
13 Cf. 1Cor 3,22-23.
14 Cf. Lc 1,46-55 para todo o hino do Magnificat.